quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A sustentabilidade tem que ser honesta

A British Petroleum vai amargar para sempre as consequências da pior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos. E não é só ela, terceira maior companhia petrolífera do mundo, que sentirá os efeitos negativos desse desastre inimaginável. Os milhões de barris de óleo jogados ao mar terão um impacto significativo em toda a atividade de extração de petróleo, em especial em águas profundas, aumentando as exigências por segurança, além de provocar maior vigilância da sociedade em relação à responsabilidade socioambiental das empresas.

A lição que emerge dessa tragédia ambiental é que o conceito de sustentabilidade, palavra da moda em organizações de todos os portes e segmentos de atuação, vai ser cobrado de forma muito mais efetiva. Para se dizerem sustentáveis, as empresas terão, cada vez mais, que cuidar de forma irrepreensível dos três pilares da sustentabilidade sendo de fato e não só no discurso:
1. economicamente viáveis;
2. socialmente justas; e
3. ecologicamente corretas.

Um “furo” em qualquer um desses princípios pode comprometer a própria sobrevivência da empresa, como a BP está comprovando na prática, com um prejuízo de bilhões de dólares e uma imagem devastada — talvez de forma irrecuperável — perante a opinião pública.

Sustentabilidade não pode ser apenas uma ferramenta de marketing, utilizada para passar uma imagem que não corresponde à realidade. Alguns documentos divulgados pela Comissão de Energia e Comércio do Congresso norte-americano apontam que a BP fez uso de uma série de “atalhos” para economizar dinheiro e ganhar tempo na operação da plataforma do Golfo do México, o que teria aumentado o risco de vazamentos. Ao mesmo tempo, investia significativamente na construção de uma imagem ousada do ponto de vista ambiental — com a adoção de novos slogan e logomarca, mais “verdes”. Sem a consistência das práticas, restou apenas, agora, uma imagem desmoralizada.

O triste recado do caso BP (que furou milhares de poços e corre o risco de desaparecer por causa de apenas um) para a gestão de todas as empresas é: quando se fala em sustentabilidade, é preciso inverter o ditado popular. Não basta, à mulher de César, parecer honesta. É preciso ser honesta.

Créditos: Revista Algo Mais (artigo da TGI Gestão).

- Postado por Raquel Lins -

Nenhum comentário:

Postar um comentário